A ansiedade é um sentimento caracterizado por medo, apreensão e desconforto. Em crianças, o desenvolvimento emocional influencia como esses sentimentos se manifestam. Elas podem não reconhecer seus medos como exagerados, especialmente as menores. A ansiedade torna-se patológica quando é desproporcional ao estímulo, interferindo na qualidade de vida do indivíduo.
Ansiedade Normal vs. Ansiedade Patológica
Para diferenciar a ansiedade normal da patológica, é essencial avaliar se a reação ansiosa é de curta duração e relacionada ao estímulo do momento. Transtornos ansiosos são quadros clínicos onde esses sintomas são primários, não derivados de outras condições psiquiátricas. Sintomas ansiosos também são frequentes em outros transtornos psiquiátricos, como depressão ou esquizofrenia.
Prevalência e Causas dos Transtornos Ansiosos em Crianças
Os transtornos ansiosos são comuns tanto em crianças quanto em adultos. A prevalência durante a vida é estimada em 9% a 15%. Nas crianças e adolescentes, os transtornos ansiosos mais frequentes incluem transtorno de ansiedade de separação (cerca de 4%), transtorno de ansiedade generalizada (2,7% a 4,6%) e fobias específicas (2,4% a 3,3%). A causa desses transtornos é multifatorial, incluindo fatores hereditários e ambientais.
Diagnóstico e Planejamento Terapêutico
Na avaliação desses transtornos, é crucial obter uma história detalhada sobre o início dos sintomas e possíveis fatores desencadeantes, como crises familiares ou doenças. Devem-se considerar o temperamento da criança, o tipo de apego aos pais e o estilo de cuidados paternos. O tratamento geralmente inclui uma abordagem multimodal com orientação aos pais e à criança, terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia dinâmica, uso de psicofármacos e intervenções familiares.
Transtorno de Ansiedade de Separação
O transtorno de ansiedade de separação é caracterizado por ansiedade excessiva em relação ao afastamento dos pais ou substitutos. Crianças com esse transtorno temem que algo possa acontecer a si mesmas ou aos cuidadores, demonstrando comportamento de apego excessivo. Manifestações somáticas como dor abdominal, dor de cabeça e náuseas são comuns. O tratamento envolve a colaboração entre a escola, os pais e o terapeuta, com o retorno gradual à escola e intervenções familiares.
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Crianças com TAG apresentam medo excessivo e irracional a diversas situações. Estão constantemente tensas e preocupadas com o julgamento de terceiros. O tratamento inclui terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, uso de medicamentos como fluoxetina e buspirona. A terapia cognitivo-comportamental foca em modificar a percepção alterada sobre o ambiente e comportamento ansioso.
Fobias Específicas
Fobias específicas são medos excessivos e persistentes de objetos ou situações, como pequenos animais, escuridão ou ruídos intensos. O tratamento mais comum é a terapia comportamental, especialmente a dessensibilização progressiva, que expõe gradualmente a criança ao estímulo fóbico para extinguir a reação exagerada de medo.
Fobia Social
A fobia social em crianças é o medo persistente de situações onde se sentem expostas à avaliação de outros. Elas evitam situações sociais e podem apresentar sintomas físicos como palpitações e sudorese. O tratamento envolve procedimentos cognitivo-comportamentais para modificar pensamentos mal adaptados e exposição gradual às situações temidas.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)
Crianças são vulneráveis a experiências traumáticas que podem levar ao TEPT, caracterizado por alterações importantes no comportamento, como agitação e hipervigilância. O tratamento inclui terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia dinâmica breve, utilizando objetos intermediários como brinquedos ou desenhos para facilitar a comunicação.